Você já reparou que a natureza não produz lixo? Tudo o que nasce, um dia retorna ao solo para nutrir a vida novamente.
Agora imagine se nossas cidades funcionassem assim, onde as cascas da cozinha virassem adubo e esse adubo voltasse em forma de alimento fresco nas hortas urbanas, praças e quintais. Parece utopia? É regeneração! E ela começa no baldinho da composteira.
O início do ciclo: o que sobra pode virar começo
Na correria do dia a dia, é fácil olhar para restos de alimentos e pensar: “lixo”. Mas cada casca, folha ou borra de café carrega um potencial enorme de transformação.
A compostagem é o primeiro elo de um ciclo regenerativo que começa em casa, passa pela comunidade e pode transformar bairros inteiros. Em poucas semanas, o que antes seria descartado se transforma em adubo natural rico em nutrientes, capaz de regenerar solos, revitalizar plantas e reduzir emissões de gases de efeito estufa.
E sabe o que é mais bonito? O composto produzido não é apenas um fertilizante, é um ato de reconexão com a terra. Cada baldinho cheio de matéria orgânica é uma semente de consciência.
Da composteira à horta: o caminho da regeneração
Quando o composto se junta à terra, nasce um ciclo completo: o ciclo da vida regenerativa. O solo ganha força, retém melhor a água, reduz a necessidade de fertilizantes químicos e se torna um ecossistema vivo.
Nas hortas urbanas, o impacto é duplo: Ambiental, porque reduz emissões e devolve nutrientes ao solo; Social, porque aproxima pessoas, gera aprendizado e pertencimento. Bairros que adotam hortas comunitárias relatam menos resíduos, mais convivência e até estímulo à alimentação saudável. E tudo isso começa com o simples gesto de compostar uma casca de banana.
Caso Lisboa: da ideia à comunidade regenerativa
Em dezembro de 2021, a Horta do Alto da Eira, no bairro da Penha de França (Lisboa), começou a sair do papel. O desafio? Transformar um terreno urbano ocioso em um espaço coletivo de cultivo, convivência e aprendizado.
O projeto, criado pela Associação Regador e financiado pelo programa BIP/ZIP da Câmara Municipal de Lisboa, recebeu cerca de 47 mil euros para implantação. Foram instalados compostores comunitários, sistemas de rega, viveiros e uma casa de ferramentas, mas o mais importante foi o envolvimento da comunidade: as pessoas foram chamadas para cuidar, aprender e plantar juntas.
Nos anos seguintes, vieram as oficinas de compostagem, o Festival Regador e a expansão da rede de hortas comunitárias. Em 2022, Lisboa instalou 10 novos compostores comunitários, beneficiando cerca de 4 mil pessoas e levando o conceito de economia circular para outros bairros. Hoje, a Horta do Alto da Eira é mais que um espaço de cultivo, é um ecossistema urbano regenerativo. O composto gerado alimenta o solo, que alimenta as pessoas, que alimentam o senso de comunidade.
Benefícios do modelo:
- Solo mais fértil e com melhor drenagem;
- Menor dependência de fertilizantes externos;
- Maior engajamento social e educação ambiental;
- Redução de emissões e fortalecimento da economia local.
Como começar?
Pequenos passos, grandes ciclos:
- Escolha sua composteira: doméstica, comunitária ou de condomínio.
- Separe os resíduos orgânicos: cascas, frutas, legumes, filtros de café, folhas secas.
- Misture com matéria seca: serragem, folhas ou papel picado.
- Deixe a natureza agir: os microrganismos fazem o resto.
- Use o composto na terra: hortas, vasos e jardins agradecem.
Simples, acessível e poderoso. Comece hoje e deixe a Realixo te ajudar em todo o processo!
Conclusão: o ciclo que começa em você
Compostar é mais do que reduzir lixo, é participar ativamente da regeneração do planeta. Cada baldinho cheio é um lembrete de que não precisamos de grandes estruturas para gerar impacto. O poder está nas pequenas ações que viram exemplo e inspiram vizinhos, amigos e comunidades.
Como sua avó fazia… e você pode replicar. Uma forma de reviver histórias e plantar futuros!
Se cada casca conta, imagine o que uma horta adubada com seu composto pode fazer. Da composteira ao alimento, da cozinha ao canteiro, o ciclo da regeneração começa no seu quintal e pode florescer na sua rua, condomínio ou empresa.
E você, o que quer plantar?
A escritora convidada, Alexandra Diniz de Assis é apaixonada pela natureza, atua como Consultora em ESG e em Construção Sustentável, além de gerir área Comercial em multi alemã. Associada GBC e embaixadora UGreen para certificações verdes em edificações, produtos e empresas. Diretora de ONG de ensino de inglês, co-autora do livro: A voz Feminina da Sustentabilidade, participante de GTs (Luso-brasileiro para práticas ESG e CBPS-CBARI em parceria com o Sebrae para PMEs), Multiplicadora B e articulista Realixo.
REFERÊNCIAS
- Associação Regador – Horta do Alto da Eira (Lisboa), 2021–2024
- Lisboa para Pessoas, 2023
- Câmara Municipal de Lisboa – Compostagem Comunitária (2022) e Guia de Boas Práticas em Agricultura Urbana (2024)
- Festival Regador e Hortas Comunitárias – Lisboa para Pessoas, 2023
- Circularity Gap Report 2025 – Circularity Gap World
- Ellen MacArthur Foundation – Cities and Circular Economy for Food, 2019
