Transformar resíduos orgânicos em recursos naturais em outro processo é um elo essencial para fechar ciclos e regenerar o planeta.
Você já ouviu falar em Economia Circular?
Ela é um modelo que propõe algo simples e extraordinário ao mesmo tempo, onde nada deve ser desperdiçado. Tudo o que hoje chamamos de “lixo” pode e deve voltar ao ciclo produtivo como recurso.
No entanto, quando pensamos nesse conceito, é comum lembrarmos apenas de vidro, plástico, papel ou metal. Mas existe um protagonista invisível, que representa metade do nosso lixo diário e é parte fundamental dessa transição: o lixo orgânico.
E é aqui que entra a Compostagem, uma prática simples, acessível e poderosa que conecta a Economia Circular ao nosso cotidiano, seja nas cozinhas das casas ou nas políticas públicas das cidades.
O que é Economia Circular? E onde entra o lixo orgânico?
A Economia Circular substitui o modelo linear que aprendemos a seguir: extrair, produzir, consumir, descartar.
No lugar desse fluxo de desperdício, surge um movimento em ciclo, em que cada material continua em uso o maior tempo possível e retorna como recurso para a sociedade ou para a natureza.
O Circularity Gap Report 2025 mostra que o mundo é apenas 7,2% circular, ou seja, mais de 90% dos recursos extraídos não voltam ao ciclo produtivo. É aqui que a compostagem se torna estratégica: um caminho simples e acessível para aumentar a circularidade global.
Quando falamos em resíduos orgânicos, compostar é a maneira mais direta de praticar essa lógica.
As cascas, folhas e restos de alimentos deixam de ser lixo e se transformam em adubo rico, regenerando o solo, nutrindo hortas urbanas e reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos (grande parte dos usados no Brasil são importados, segundo o MAPA).
Compostagem como elo da circularidade
A compostagem é, na prática, a tradução da Economia Circular para o nosso dia a dia.
Ela transforma restos de frutas, cascas de legumes e folhas secas em adubo natural, devolvendo valor a algo que antes seria enterrado nos aterros.
Se no artigo anterior falamos do impacto de uma casca descartada no lixo comum (metano), agora ampliamos a visão: a mesma casca, quando compostada, é parte de um processo circular que devolve nutrientes ao solo e reduz emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Esse processo fecha o ciclo biológico descrito pela Economia Circular e seus benefícios vão além do meio ambiente: a compostagem também gera aprendizado, engajamento comunitário, economia para os municípios (menos custos com transporte e disposição de resíduos) e até novos empregos verdes, seja em programas comunitários, negócios de bioinsumos ou em políticas públicas.
Exemplos inspiradores de circularidade na prática
São Paulo
O programa de compostagem comunitária em feiras livres já transformou toneladas de resíduos em composto aplicado nas áreas verdes públicas (Prefeitura de São Paulo, 2022).
Milão (Itália)
Pioneira na coleta obrigatória de resíduos orgânicos desde 2014, destinando-os à compostagem e à biodigestão para geração de biogás e energia (Zero Waste Europe, 2020).
Nas hortas urbanas e comunitárias, o ciclo se fecha de forma ainda mais visível: o composto gerado volta para o solo, nutre alimentos, e o que sobra na cozinha retorna ao processo. Um ciclo regenerativo que une natureza, pessoas e cidades.
Concluindo: não existe “jogar fora”
A Economia Circular nos lembra que não existe “jogar fora” quando descartamos algo no lixo. Cada resíduo tem um destino e a diferença está apenas no caminho que percorrerá.
A compostagem conecta diretamente nosso lixo orgânico à regeneração dos solos, ao fortalecimento de comunidades, à redução de GEE e, consequentemente, à mitigação das mudanças climáticas, impactando de forma direta os ODS 11 (Cidades e comunidades sustentáveis), 12 (Consumo e produção responsáveis) e 13 (Ação contra a mudança global do clima).
Mais do que uma técnica, ela é um elo vital da Circularidade, mostrando que pequenas escolhas, como separar cascas e restos de alimentos, podem gerar grandes transformações.
Se cada casca conta, cada ciclo fechado transforma!
Circularidade começa em pequenas escolhas e o futuro circular já começou.
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Procure pontos de compostagem, participe de iniciativas locais ou crie suas próprias iniciativas, porque quando a gente fecha ciclos, abrimos caminhos para um mundo mais sustentável.
A autora Alexandra Diniz de Assis É apaixona pela natureza, atua como Consultora em ESG e Construção Sustentável, além de gerir área Comercial em multinacional alemã, associada GBC e embaixadora UGreen para certificações verde em edificações, produtos e empresas, diretora de ONG de ensino de idioma, co-autora do livro: A voz Feminina da Sustentabilidade, participante de GTs (Luso-brasileiro para práticas ESG e CBPS-CBARI em parceria com o Sebrae para PMEs) e articulista Realixo.
Glossário
- Economia Circular: modelo que propõe o uso contínuo de recursos, reduzindo desperdícios e fechando ciclos.
- Compostagem: processo biológico de transformação de resíduos orgânicos em adubo natural.
- Biodigestão: processo em que microrganismos decompõem resíduos orgânicos sem oxigênio, gerando biogás e biofertilizante.
- Bioinsumos: produtos de origem biológica, como fertilizantes e defensivos naturais, que substituem insumos químicos.
- GEE: gases de efeito estufa.
- ODS: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015 e compõem uma agenda mundial para a construção e implementação de políticas públicas que visam guiar a humanidade até 2030.
Referências
- Ellen MacArthur Foundation – What is Circular Economy?
- Circularity Gap Report 2025 – Circularity Gap World
- MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) – Importação de Fertilizantes, 2023
- Prefeitura de São Paulo – Programa Feiras e Jardins Sustentáveis, 2022
- Zero Waste Europe – Case Study: Separate Collection of Bio-Waste in Milan, 2020
- ONU